terça-feira, dezembro 29, 2015

crianças e o inacabado


Esta era uma página para ir sendo construída aos poucos. 
Acabou por ficar inacabada, com um espaço em branco que, agora olhando, apetece colocar lá um texto...

Está 2015 a acabar e fico com a sensação de que muitos projectos meus ficaram também inacabados...
Olho para trás e gostava de ter feito mais, esforçado mais, focado mais, intensificado mais, amado mais, agradecido mais...

Vem aí 2016 e é mesmo tempo de balanço para que o "mais" se possa concretizar!

segunda-feira, dezembro 28, 2015

Porto de Timor


No dia 14 de agosto escrevi assim no meu diário:

Não me lembrava que a zona junto ao mar era muito ventosa, pelo menos em agosto, dizem os timorenses. Desenhar a vista panorâmica de Díli não cabe apenas numa página, daí estas três vistas em continuação sempre na mesma, umas por cima das outras. Há exercícios que resultam melhor na teoria do que na prática. Este talvez não resulte mal, mas estava a ficar frio e o vento não deixava mesmo trabalhar em condições. Coloquei as cores à pressa e o resultado final não ficou nada de especial...


Agora que montei as diferentes vistas na sequência certa, de repente, parece que viajei mesmo até ao Porto de Díli. A visão panorâmica era mesmo assim alargada. Do lado esquerdo a ilha de Ataúro e depois uma imensidão de mar a contornar o lado Leste da ilha de Timor.

Há exercícios que funcionam na teoria e só mesmo quando o processo fica concluído. 
Estive mesmo para não publicar este desenho por não encontrar nele nenhum interesse, mas agora que as vistas ficaram acertadas, fico contente por ter um desenho que ganhou uma vida nova!

sábado, dezembro 26, 2015

Janaia e Jessenila


Timor, 13 de agosto de 2015

Dia de festa na paróquia de Balide, Díli, em homenagem ao primeiro pároco.
Depois da cerimónia com discursos longos e testemunhos vários, todo o pessoal se juntou no salão para o jantar típico timorense de festa e muita dança tradicional.
Enquanto esperava, a Janaia andava de roda de mim (um português com uma mulher timorense e um filho como o Matias despertam muito a atenção). Às tantas pedi-lhe para se sentar para a poder desenhar. Foi o frenesim total. Todos à volta a querer ver e um mar de crianças a pedir para serem desenhadas...
Houve tempo para a Jessenila, mas não para mais! :)

quarta-feira, dezembro 23, 2015

Serigrafias | Print screens



Quando falei com a minha pessoa de confiança para fazermos as serigrafias e lhe disse que queria personalizar cada uma delas com aguarela, ele, grande expert no assunto, disse-me: "nunca vi isso a ser feito". Depois sorriu e continuámos a trabalhar...

Não percebi se foi um acto de loucura pura ou de ingenuidade para com a falta de noção do trabalho que me ia dar, mas a verdade é que gosto de levar para a frente as ideias que me entusiasmam, mesmo que isso implique ter o dobro ou o triplo do trabalho com elas.


Pormenor da serigrafia panorâmica desenhada a partir do Aqueduto de águas livres de Campolide.


Pormenor da serigrafia panorâmica desenhada a partir do miradouro de S. Pedro de Alcântara.


Pormenor da serigrafia do coche de D. Filipe II, que está no museu dos Coches.



No dia 27 de novembro de 2015, já depois da apresentação do livro Lisboa, o que o turista deve ver, de Fernando Pessoa e com cerca de 100 desenhos meus, uma amiga fez este vídeo onde se vê o interesse da ideia louca de aguarelar as serigrafias no dia da inauguração da exposição. Estavam mais de 300 pessoas e não foi possível fazer tudo no dia. Não tenho parado desde então...

Como agora vou de férias, deixo aqui o link para quem quiser adquirir online as serigrafias. 

Bom Natal!

terça-feira, dezembro 22, 2015

Timor, finalmente!


Após três semanas fora de Portugal, a viagem chega finalmente a Timor.
Esta senhora estava a construir os famosos tecidos timorenses chamados de Tais. Isto era algo que há muito tempo queria ver e desenhar. 
A oficina dela era uma parte da cozinha! É incrível como os espaços se reduzem e aumentam conforme a necessidade...

Tem de haver alguma ligação entre o que vi neste dia e o facto da Ketta fazer os cadernos em casa. É que, às tantas, já não sabemos se temos um atelier em casa ou se a nossa casa é no atelier...

Deve ser do sangue timorense! :)

domingo, dezembro 20, 2015

Jakarta


aqui tinha publicado este desenho de Jakarta, mas na altura não estava terminado e foi uma fotografia em vez de digitalização. Neste dia, depois de estarmos a desenhar no último piso do centro comercial Grand Indonesia, descemos e fomos jantar:


Não é fácil escolher um local para comer quando a oferta são 3 ou 4 enormes pisos cheios de restaurantes do mundo inteiro. Neste dia, optámos pelo Mama Malaka (não era caro nem barato).
Enquanto esperava pela comida, recordava as lições da Marina Grechanik sobre como desenhar a acção das pessoas e tentava colocar em prática. Não interessavam as proporções nem as cores, mas a acção!


Frustrado com o resultado de cima, pousei os lápis de cor e peguei na recém comprada caneta Hero. Esboços do Matias desastrosos conduziram-me para a Ketta que ficou ali a posar para mim. 
Nesta altura, já todos os empregados de mesa passavam de 30 em 30 segundos por trás de mim para ver como estavam a ficar os desenhos. Riam-me e colocavam-se lá ao fundo atrás do balcão a sorrir, provavelmente à espera de ficar na "fotografia"...
Ainda bem que, no desenho, quem manda somos nós!

terça-feira, dezembro 15, 2015

Alô Portugal


Fui ao programa Alô Portugal da Sic Internacional falar dos desenhos de Lisboa, do livro do Fernando Pessoa e das serigrafias personalizadas.

Gostei muito e acho que correu bem.

Grande edição esta do Centro Atlântico. Obrigado por me terem desafiado para este projecto tão difícil e de imensa responsabilidade.

sexta-feira, dezembro 11, 2015

a outra margem



Estamos próximos da grande celebração do Natal e a azáfama está prestes a tornar-se uma correria danada...

Tenho a sensação que Maria e José antecederam as palavras de Jesus quando saíram da sua terra, foram a Nazaré e, ali mesmo, longe de tudo e todos, deixaram que o inevitável acontecesse, ainda que rodeados de quase nada, e o menino nasceu. 

Anos mais tarde, já bem crescido, Jesus retirava-se para a outra margem quando se dava conta que as multidões o rodeavam. Creio que precisava da outra margem para encontrar o quase nada e, aí, alicerçar-se verdadeiramente...

A outra margem de Turim foi uma oportunidade para me dar conta que a visão de largo horizonte é aquela que nos coloca no lugar, dá-nos uma lição de humildade. 
A outra margem mostra-nos que a visão antiga é parcial. 
A outra margem implica ser capaz de abraçar a dúvida e a certeza, projeta-nos lá para a frente sem medo de perder as raízes do passado, da segurança.

Este tempo que antecede o Natal é isto para mim: atravessar para a outra margem para ir ao encontro da novidade que está para nascer!

[fragmento do desenho original feito em Turim, 2015]

sábado, dezembro 05, 2015

Retiro de passagem de ano


Ora então aqui está a tão ansiada proposta de passagem de ano alternativa às luzes da ribalta, foguetes estrondosos, concertos avassaladores e multidões reunidas em grandes espaços públicos.

Talvez seja demasiado audaz propor um retiro de diários gráficos na passagem de ano, mas que é uma das melhores alturas para se preparar em força o ano que aí vem, lá isso é. Eu e o P. Nuno Branco sj elaborámos um programa profundo e pessoal, mas também de festa e alegria! O P. Nuno não pode estar connosco, mas a concepção do retiro é partilhada por nós os dois.

Começa no dia 30 de dezembro com o jantar e termina no dia 2 de janeiro com o almoço.

Ansiosos? Façam a vossa inscrição antes que as vagas esgotem: projectocasavelha@gmail.com

quinta-feira, dezembro 03, 2015

Reportagem DN


Conheci a Marina Almeida há alguns anos atrás e nunca mais perdemos o contacto.
Muito bonita a reportagem que ela escreveu sobre esta nova edição do livro de Fernando Pessoa.
Obrigado!

sábado, novembro 28, 2015

Grande dia nos Coches

só os coches...

 agora com mais companhia...

quase, quase cheio!


Que grande dia foi este, 300 pessoas na apresentação do livro! Era tanta gente que muitas dedicatórias ficaram marcadas para outro dia, assim como as serigrafias: terei de quebrar o meu compromisso de aguarelar apenas na apresentação, pois o museu fechou quando muitos ainda queriam comprar a panorâmica de S. Pedro de Alcântara que deu origem à capa do livro.

Obrigado pela vossa presença. Foi um dia memorável. Obrigado mesmo!

[foto: Luís Ançã]

segunda-feira, novembro 23, 2015

Carta etnográfica em Turim



A Patrícia Pedrosa tem estado a publicar os vídeos do último retiro de diários gráficos que organizei em Turim.
Ainda não partilhei nenhum aqui no meu blogue, mas desta vez não resisto...

domingo, novembro 22, 2015

Cafe Batavia - Jakarta


Em todas as cidades por onde viajamos, eu e a Ketta tentamos fazer sempre uma boa refeição num restaurante reputado. Em Jakarta não estava a ser fácil encontrar um, mas o Cafe Batavia conseguiu atrair-nos lá para dentro! O edifício é do tempo do império holandês, mas é "o" café mais reputado da zona histórica de Jakarta.

A fome era muita e só na sobremesa é que o desenho da comida foi feito. Os padrões, esses, foram sendo feitos durante as 2h que lá estivemos dentro...

sábado, novembro 21, 2015

Gazeta do Cenjor: entrevista


A Joana Fialho pediu para me entrevistar no final do encontro de diários gráficos no Museu de Marinha. Hoje enviou-me o resultado. Aqui estou eu na página 6 da Gazeta do Cenjor.
Obrigado Joana!

sexta-feira, novembro 20, 2015

Wayang Golek


A seguir ao Museu Têxtil de Jakarta, o do teatro de sombras era a nossa segunda prioridade.
Houve ali um misto de sentimentos. Por um lado estávamos assoberbados pela quantidade de peças lindas de morrer, relação íntima com o teatro de sombras da ilha de Java e muito mais do que imaginámos que iríamos encontrar. Por outro, a decadência da manutenção do museu foi uma desilusão. Como é possível deixarem tudo ir apodrecendo aos poucos?

Depois de vaguearmos (e com o Matias a dormir no carrinho), foquei-me nesta peça e tentei fazer o máximo de estudos sobre ela.
Vários estudantes que por ali andavam começaram a aproximar-se e, pela primeira vez, senti que a minha pele branca era o centro de atenção em vez do desenho. Todos queriam tirar fotografias comigo... será que me confundiram com alguma celebridade?

quinta-feira, novembro 19, 2015

Novo livro de Fernando Pessoa


O trabalho de um ano vai ver agora a luz do dia!
Tudo começou com o convite do editor que me ofereceu uma edição antiga deste livro e me disse: "leia e escolha o que quer desenhar". Fiz uma seleção de 70 sítios, mas ele pediu mais 10. Ao longo do processo acabei por desenhar ainda mais, quase 100.

Tudo começou na feira do livro de 2014, seguida de leitura apaixonada do livro. O primeiro desenho foi feito a 17 de agosto de 2014 (um dia depois do Matias nascer, pois a Ketta estava na maternidade e eu tinha mais tempo) e acabei a 20 de julho de 2015 (um dia antes da grande viagem asiática que fizemos este ano).

Estou muito honrado com o convite que me foi feito e com o resultado final.
Ainda vou enviar um mail a todos, mas digo já que gostava muito de vos ver lá no dia do lançamento do livro e inauguração da exposição!

Mais informação sobre o livro aqui.

domingo, novembro 15, 2015

Jakarta


Dia 4 de agosto de 2015:

Batik (manhã)
O primeiro local a visitar foi o museu têxtil onde sabíamos que se podia fazer workshops. A Ketta fez um batik lindo e eu fiquei com o Matias. Tive tempo de fazer este desenho, mas o que queria mesmo era ter feito também o workshop. Talvez voltemos lá noutro dia...

Jakarta (noite)
Chegámos a três de agosto a esta cidade caótica. Estamos alojados num local bem cheio de vida de rua com tudo o que há no imaginário da Ásia relativamente a cheiros...

quarta-feira, novembro 11, 2015

Textile museum in Jakarta


Chegámos a Jakarta no dia 3 de agosto. O Pramote foi buscar-nos ao aeroporto, deu-nos boleia até ao hotel e acabámos por jantar juntos.
No dia seguinte, fomos onde a Ketta queria desde que saímos de Portugal: o museu têxtil, onde estão alguns dos tecidos com os padrões asiáticos mais bonitos do mundo! Passámos lá a manhã inteira a desenhar. Da parte da tarde a Ketta fez o workshop de batik. Os instrutores ficaram fascinados com o trabalho dela e estavam sempre a perguntar: "tem a certeza que é a primeira vez que faz isto?"

Nesse dia, fiquei-me por este desenho. Era o dia da Ketta e eu ia desenhando enquanto o Matias ia deixando...

terça-feira, novembro 10, 2015

Autores Fora D'Horas



Ontem fui ao programa Autores Fora D'Horas falar do livro Lisboa by Urban Sketchers, mas também dos meus desenhos. Pediram-me para falar em último para ter tempo de desenhar o backstage durante a gravação.


Estavam lá: João Gil e a Celina da Piedade, para falarem do projecto Tais Quais, a Sónia Tavares e o Nuno Gonçalves dos The Gift, para falarem dos 20 anos de carreira, o Pedro Mexia, para falar do seu novo livro de poesia e, imagine-se, eu próprio...
Claro que o que me safou foi o desenho que conseguiu ter algum protagonismo no meio de tantas vedetas!

domingo, novembro 08, 2015

Baan Sukhumvit 21


Este foi o último desenho que fiz em Banguecoque. Foram 16 ao todo numa semana. Queria ter feito mais (quero sempre), mas estou a ficar cada vez mais pacificado com a quantidade de desenhos que produzo nas férias. Férias são férias e há que aproveitar tudo sem preocupações.

Este cruzamento ficava mesmo por baixo do terminal 21 da famosa rua Baan Sukhumvit. Logo no primeiro dia, ao passar aqui, fiquei com o enquadramento de baixo de olho para desenhar. Os dias foram passando e, qual belo português, à última da hora, bem na véspera de ir para o aeroporto, enquanto o Matias dormia no carrinho, lancei-me ao desenho. Rápido, porque não havia muito tempo mas, sobretudo, porque o Matias podia acordar. O caos e a poluição de Banguecoque era o que queria guardar. O caos não resultou muito bem, porque desenhei os carros parados no semáforo. A poluição, essa, penso que o lápis de grafite consegue dar uma ideia...

sexta-feira, novembro 06, 2015

Yang-Deaw Restaurant


Este é o meu penúltimo desenho da Tailândia. À saída da antiga capital (Ayutthaya) e de regresso a Banguecoque parámos para almoçar no restaurante Yang-Deaw. Passo a transcrever do meu caderno:

Aqui, numa espécie de cabanas junto a um rio com pescadores foi onde, provavelmente, comemos melhor. Comida tailandesa do mais tradicional que há. Um arroz branco bem dividido por todos, a especialidade que era o peixe: biscoitos, bolinhos fritos, crispy fish que se comia como batatas fritas, lagosta maravilhosa, peixe assado, enguias e, claro, muitos legumes. Estava tudo maravilhoso e só faltou o tempo para terminar o desenho...
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quinta-feira, novembro 05, 2015

Phra Thinang Royal Residence


Isto acontece-me com frequência: perder-me nos detalhes e acreditar que tenho tempo para encher uma dupla página com eles. Normalmente fica tudo inacabado...

A residência real chamada Phra Thinang fica num recinto monstruoso cheio casas maravilhosas, recantos e detalhes para desenhar. A Tailândia é um mundo sem fim...

sábado, outubro 31, 2015

Wat Chaiwatthanaram


Este foi o último templo que desenhei em Banguecoque. É um dos mais visitados da antiga capital da Tailândia (Ayutthaya).
O Pramote e a Shari ficaram a desenhar de longe, mas eu queria entrar e ver tudo de perto. Como sou um apaixonado pela história da humanidade, não conseguia deixar de ficar embasbacado com a construção a apontar para cima, os vestígios das esculturas, as marcas de uso...
... tudo me remetia para as pessoas que tinham usado este local e para nós que agora o visitamos e lhe damos um uso fugaz, efémero, com guias turísticos de bandeirinha no ar...

Sentei-me e comecei por uma perna de pedra que era o que restava de uma escultura à minha esquerda. A linha seguiu ligada às outras formas e, quando me ia dedicar à aguarela, descobri que o meu pincel com reservatório de água estava entupido. Sete anos com o mesmo pincel e foi logo entupir na Tailândia??
Tirei o outro pincel de aguarela, o velhinho que usei na faculdade (e que anda sempre comigo embora já o use muito pouco) e lá coloquei a cor. Os turistas passavam por mim aos magotes (muitos franceses) e todos ficavam pasmados por alguém estar ali a desenhar. Deslumbrados com o desenho (enfim...) só arredavam pé quando o guia-de-bandeira-na-mão os chamava....

Saí a correr à procura da Ketta e do Matias. Era a minha vez de ficar com ele para a Ketta conseguir desenhar. Novos tempos, novas logísticas, novos acordos, mas o mesmo entusiasmo e encanto pelas viagens!

quarta-feira, outubro 28, 2015

Drinking water + people


Fascinam-me as pessoas que desenham de modo muito diferente do meu. Fico logo com vontade de experimentar coisas novas! A Marina Grechanik é uma das pessoas que mais me inspira por ter um trabalho absolutamente único. A liberdade com que desenha fascina-me e vê-la a trabalhar ainda me entusiasma mais. Enquanto desenhava a pessoa do lado direito pensava numa frase dela em Lisboa: "o importante é captar a ação do que a pessoa está a fazer e não como se ela estivesse a posar".

Incrivelmente difícil, mas é o que faz toda a diferença!